Um assalto! Sobressaltado sempre diante dessa curta e grossa frase, mas que se apresenta repleta de muitas questões; e não, não estou falando de assalto, roubo, furto, meliante, mão armada, nada disso, mas sim de qualquer acometimento repentino, que quando menos esperamos, ou quando assustamos e nos damos conta, já fomos atacados, alcançados, achincalhados e expostos a nossa inabilidade de lidarmos em improviso com o inesperado.
É uma paixão que nos acomete, um perda irreparável que nos alcança, é uma mudança mínima no tempo, no humor, nas horas, no olhar, no jeito de falar, nos gestos bruscos e perdidos, que nos colocam repentinamente, sobressaltadamente diante da pergunta inevitável nessa ocorrências: O que houve? O que aconteceu, como, por que, quando, hãmm!? ou como diriam alguns piadistas, “alguém anotou a placa?”
É engraçado, pois, metade da minha pequena vida foi me preparando para alguns momentos importantes, ou que eu julgava que seriam. Hoje aos 30 anos, muitas coisas importantes aconteceram, muitas delas num assalto. Muitas que jamais pensei que aconteceriam, de repente me vi lá, diante da situação e precisando improvisar sem a menor habilidade e conhecimento para “colocar as notas necessárias que aquela ocasião exigia de mim”. Isto mesmo, como um solista numa orquestra, que gastou meses estudando uma da principais peças de Guarnieri e que quando convidado como participação especial numa apresentação que lhe ocorre sem tempo suficiente para ensaio, aceita por acreditar suficientemente pronto para tal motivo, mas descobre às primeiras notas desse que se preparara para uma peça diferente.
Que embaraço nos causa as situações, os assaltos. Quão inaptos, juvenis e imaturos nos vemos, tão preocupados com coisas que simplesmente nos acometerão num assalto. Ainda mais que nada de antemão conseguirá nos impelir, no momento do assalto, para a ação mais correta na direção da melhor ou mais coerente, mais acertada decisão. E não tem como fugir da frustração que a próxima questão que logo, logo se apresenta adiante desses momentos, a tal: Será que fiz a coisa certa?
Eu não tenho muitas respostas. Não mais que outras questões como, o que é o ‘certo’? Por que nos atemos mais na possibilidade do errado e/ou do acertado? Nossos olhos fixam mais na reação ao assalto (será que o que fiz nesse momento assaltado era realmente o que deveria ser feito?) do que no posicionamento pós assalto (agora que está feito, está decidido, posso lidar com isso, como lidar com o que está feito, como ajustar o feito). Nossas energias se esgotam mais no acertamento do que no ajeitamento, no ajustamento, nas responsabilidades.
Concluo que haja, muitas das vezes da nossa parte, uma ênfase maior no ‘fato’ do que nas ‘implicações do fato’. Acredito que qualquer ocorrido, que nos exija uma atitude impetuosa, o que deveria mais nos preocupar são as responsabilidades advindas que o próprio momento decidido, no qual permanecemos estagnados por não saber ou não compreender acerca do como decidir. Também acredito que nesses momentos, o que vai melhor corresponder às nossas decisões é a habilidade de que, seja como for, assumiremos todas as responsabilidades e comprometimentos que o momento, que o assalto nos proporcionar. Agora, agir assim são outros quinhentos. Difícil e improvável. Estamos sempre nos justificando com a nossa inaptidão para certas decisões, ou com nossa ignorância (não sabia que era assim). Porém, sinto lhe informar, mas se formos sempre reticentes nesses momentos, perderemos o melhor da vida, o poder do agir e decidir, o poder de VIVER!