O que falta no ambiente de adoração no Brasil?

A um tempo atrás, vi essa pergunta pela a internet e decidi responder. Nesse fim de semana, estava participando de um seminário e após falarmos sobre as instituições e comunidades, e como podemos influenciar o mundo com o cristianismo, reli essa resposta que havia dado sobre a adoração e decidi compartilha-la aqui no blog. Para mim, essas frases estão carregadas de conceitos profundos e primordiais sobre minha fé e esperança!

Acredito que para uma mudança considerável no ambiente da adoração e também para um verdadeiro estabelecimento do reino de Deus em nosso meio devemos parar de linkar adoração com a música… Libertarmos a adoração da escravidão à música, da qual nós a submetemos. Daí, se queremos saber o que vamos cantar no futuro, talvez primeiro vamos ter que construir um futuro, e o futuro que a história bíblica nos aponta tem tudo a ver com comunidade como organismo e não essa organização estéril que temos nos tornado.

Acredito que precisaríamos construir comunidades centradas no Cristo, na sua vida manifestada hoje e não na religião e seus dogmas e axiomas. Na manifestação do Eterno na vocação de cada indivíduo, de ser, primeira e prioritariamente, exatamente aquilo que Deus em seus propósitos o criou desde a eternidade.

Acredito que, nesse ambiente-comunidade de homens e mulheres que creem em Jesus como Senhor e submetem toda a sua vida e existência ao domínio de Cristo, concordando com a eternidade dele em suas histórias em todos os aspectos, a música, as artes, o serviço será mais uma expressão autêntica desse mesmo grupo, que muito mais do que anseios sobre Deus, vivem nesse ambiente onde a vida que Deus deu pra eles precisa ser manifestada em prol do todo comunitário e muito mais, em prol de revelar Deus ao mundo, seu amor e seus propósitos.

Quando nos reunimos…

Estava ponderando sobre adoração e o quanto ainda enfatizamos demais a música em nossos momentos de adoração comunitária. Se a adoração está vinculada à possibilidade de um Deus acessível, não pelos rituais e sacrifícios, mas pelo seu amor, que proveu o maior e mais pleno ritual e sacrifício, para que, de uma vez por todas, cada ser humano pudesse novamente tomar parte de Deus, num relacionamento eterno de amor e de plenitude de vida, nosso serviço, nosso culto a Deus, nossa reunião, não pode ser um ritual ou sacrifício para atrair sua presença ou coisa parecida. Antes deve ser a reunião dos santos, ou daqueles que tomaram parte desse relacionamento acessível à Deus, com o fim de se edificarem mutuamente, expressarem e manifestarem as obras de Deus em suas vidas.

E nesse simples fato de se reunir, traz em si a glória de Deus, sendo que cada ser humano reunido traz consigo a imagem e semelhança do Divino, essa glória enquanto peso da realidade da obra de Cristo na terra que se personifica através da reunião possivelmente por confluir gêneros, estilos, culturas e desejos diferentes com um único intuito, reconhecer a Deus, suas obras, seus caminhos, e, manifestar a Deus, seu amor, sua obra e seus caminhos.

Adorar é reunir para cantar, desde que a ênfase esteja no reunir e não somente no cantar. Hoje, existe música demais acontecendo ao redor do mundo em torno de diversas coisas, e a música é capaz de reunir uma multidão, mas é incapaz de atrair o coração de um para com o outro. A música reuni multidão pela a razão da música. Só existe adoração, quando reunimos uma multidão, pela a razão de reunirmos. Daí, por que reunimos, cantamos, nos alegramos, choramos.

A idéia da mensagem de que Deus se faz presente no meio dos louvores do seu povo, recaí sobre o ser povo e não sobre os louvores. É quando nos reunirmos em nome do Cristo, que ele se faz presente, e não quando cantamos apenas. Senão, haveria um forte encorajamento para que cada um cantasse cada qual em seu canto, mas pelo contrário, as escrituras enfatizam o comunitário como complemento da minha adoração. Os primeiros relatos acerca da adoração veterotestamentária se dá no indivíduo e toma uma crescente rumo ao comunitário de tal forma que em Cristo, o sacrifício perfeito de Deus para os homens, abarca toda a humanidade. Os primeiros altares individuais, como forma de reconhecimento do Deus que se faz presente, o tabernáculo, reconhecendo que Deus está para o seu povo, a compreensão de que Deus jamais estaria limitado aos templos feito por mãos humanas, e a possibilidade de que o próprio Deus em Cristo, fará em nós, seres humanos, sua moradia. O Cristo crucificado atraindo para si tudo e todos, trazendo toda a humanidade reunida, redimindo-a para Deus, falando de uma adoração que se finaliza na reunião de todos, joelhos dobrados e línguas declarantes do Senhorio de Jesus, o filho de Deus.

Talvez possamos entender que a adoração precisa focar cada vez mais um numero maior de pessoas submetidas a Deus do que um pequeno grupo sujeitos a suas próprias vontades e desejos. Cada vez mais uma comunidade que se aproxima de Deus reconhecendo quem ele é e disposta a ser quem ele a convida ser, do que grupos de indivíduos individualmente tentando ser mais um no mundo a garantir seu futuro na eternidade. Talvez possamos fruir e fluir mais da adoração, quando abraçarmos mais o reunir do que o cantar, mais o comunitário do que o individual, mais o próximo do que a nós mesmos. Quando entendermos que tocar o próximo, é tocar a Deus. Amar o próximo é amar a Deus, servir o próximo é servir a Deus. Quando ouvir menos a minha própria canção, mas abrir meus ouvidos para o lamento do próximo, para a celebração do próximo, para o silêncio do próximo!

Macumba

É preciso bem mais que palavras
Pra te cantar
Mais que singelos gestos
Pra te agradar
Muito mais que vontade
Pra te querer

É preciso bem mais que conceitos
Pra te abstrair
Muito mais que veneno
Pra te contrair
Tem que ser primário demais
Pra te deixar sair

Muito mais que melodias
Mais do que harmonizar
Nada de frases feitas
É preciso elaborar
Mais que um samba-enredo
Que agite o carnaval

Muito mais que paredes
Poderão te conter
E bem mais que feituras
Que irão te convencer
Não apenas os relevos
Em seu corpo me envolver

Não quero alegorias
Mas sim te conhecer
Nem festas, nem ritos
E sim amor e prazer
Mesmo em meio a poeira
Quero te perceber

SATISFAÇÃO

Salmo 37: 1-5

Confie no Senhor e faze-o bem: habitarás a terra e, verdadeiramente se alimentará; Deleita-te também no Senhor, e ele te concederá o que deseja o teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e tudo ele fará.

Vivemos num mundo hoje,

De medo, de sofrimento; (violência)
De ganância e de luxuria; (prazer)
De individualismo e hedonista; (egoísmo)

O Salmista instruiu o seu povo que apesar do mundo e de tudo que havia nele, valia a pena confiar no Senhor. E um ponto que eu gostaria de focalizar é no versículo quatro do Salmo 37;

Deleita-te, ou em algumas versões agrada-te, que:

Implica em encontrar satisfação em Deus;
Em que é preciso estar satisfeito nele;
E que ele seja a minha satisfação, o meu prazer.

O mundo hoje nos diz que precisamos ter prazer. Compra-se por prazer, trabalha para manter e produzir prazer. Vivemos para consumir em prol do nosso prazer. Mas o que o salmista nos aconselha é que nosso prazer deve vir de nenhum outro lugar senão do Senhor. Esse texto, fala comigo intensamente sobre satisfação, gratidão, sobre reconhecer em Deus minha fonte de prazer.

Se, tenho no Senhor a minha fonte de satisfação, quais serão os desejos do meu coração, se meu foco de desejo é estar agradado pelo Senhor, satisfeito nele?

Engraçado que o salmista não me convida a agradar ao Senhor, mas estar agradado dele, satisfeito nele. Se eu encontrar satisfação no Senhor, o desejo do meu coração pode se conformar ao dele; à sua vontade, aos seus planos. Se estiver satisfeito ou agradar-me no Senhor, grato nele, por ele, isso me levará a reconhecer nele quem ele é e em quem confio e tenho colocado a minha vida, ou tenho necessidade de colocar ou entregar minha vida.

Na Carta aos Hebreus, fala se sobre o quanto é impossível agradar aDeus, se eu não me aproximar dele acreditando que ele galardoa aqueles que o buscam. A carta escrita numa época em que pessoas viviam desanimadas por causa do mundo e com conflitos sobre ser desse mundo ou crer na vida e nas promessas de Deus por meio de Jesus, e muitos estavam abandonando a fé.

O ápice do livro é quando autor aborda a fé e suas implicações na vida dos homens (Abraão, Moisés, Elias, Sansão (?), Maria, Raabe (?)) que viveram na história bíblica. Em Hebreus, o texto bíblico nos propõe que é impossível agradar a Deus. Talvez fosse consensual para os hebreus, o entendimento sobre ser impossível agradar a Deus e que a única forma então de se aproximar dele era em gratidão e satisfação por poder se aproximar de Deus, pela fé, acreditando que ele existe e galardoa, beneficia, (cor)responde àqueles que o buscam. Satisfaz o desejo do coração daqueles que o buscam.

Alguns pontos que me enche o coração de Prazer e gratidão é entender e acreditar que:

  • Apesar de ele ser Deus e Santo, permite que eu pecador me aproxime dele;
  • Apesar de governar todo o universo com o poder de suas mãos, ele se preocupa com os desejos do meu coração, com todos os desejos do meu coração;
  • A forma mais fácil de agradá-lo e estar grato sobre ele, nele, por ele;

Nosso mundo é como está por que:

  • Todos pecaram, e essa é a condição da humanidade hoje. Pecadores, que carecem da graça de Deus;
  • O mundo jaz do maligno. A maldade permanece nesse mundo e tem dominado o ser humano;
  • O pecado separa ou distancia o homem de Deus e dos seus propósitos eternos para o homem, e não somente para o homem, mas também para o mundo, inteiro;

Como encontrar satisfação hoje?

No salmo 37, vemos em todo tempo a tensão entre aquele que busca a Deus e aquele que vive de acordo com suas vontades e seus desejos. Então me atrevi a escrever alguns razões para que eu prefira me deleitar em Deus a nas coisas que esse mundo pode me oferecer. São algumas características de Deus que eu tenho mantido na minha mente e coração em todo momento;

Por que…

  • Deus é Deus; Ele é soberano, e todas as coisas estão sujeitas a ele, existem por causa dele e existem nele. Ele é o criador de tudo;
  • Deus é bom; Todas as coisas que Deus faz são boas; Por que a essência de Deus é ser bom.
  • Ele é fiel; Logo ele nunca poderá negar a si mesmo, deixando de cumprir sua palavra; Eu nunca vou ser traído por Deus, apesar da minha maldade e de muitas das vezes eu deixá-lo por buscar prazer em outras coisas nesse mundo;

Onde você tem buscado prazer? Você tem motivos hoje para se descobrir satisfeito em Deus? Vamos fazer isso nesse momento! Quero que gaste um tempo, alguns minutos pensando sobre hoje, essa semana, quais são as coisas que você vai precisar encontrar satisfação em Deus e confiar nele, e entregar seu caminho para ele. Será que você vai confiar mais nas coisas que o mundo te oferece para satisfação do que o Deus Soberano Criador de todas as coisas?

… entre o êxtase e a inércia …

Ali, onde, aparentemente nada acontece, enquanto tudo se define. Ali, quando simplesmente SOU EU!

Estou aqui procurando as palavras para postar. Não as tenho. Procurei algumas idéias para desenvolver e escrever algo relevante, mesmo que somente para mim, e não as encontrei. Não há nada tão novo sobos céus, o que me dá esperança de dias melhores. Eu até recebi algumas opiniões sobre o que escrever – picote, deficit criativo, embargos diplomáticos – mas nada conseguiu me despertar a criatividade para que escrevesse. Mas diante dessas poucas frases mal traçadas me veio duas amedrontadoras palavras: INÉRCIA e ÊXTASE;

Quiçá por Inércia, eu improdutivo e incapacitado de escrever e até mesmo perceber o NOVO e dispô-lo em palavras, sei lá, transformar minhas vivências em sonoras poesias e em movimentos. Sofrendo a impossibilidade de movimentar-me no meu universo, sem defini-lo, sem gesticulá-lo, simplesmente sem tempo, sem vontade, sem necessidade. Apenas sofrendo, passando por, admitindo que tudo aconteça sem muitas possibilidades da minha interferência poética. (risos) Engraçado, nunca imaginei que minhas palavras poderiam em algum momento faltar na vida. Nunca imaginei que interferira tanto na realidade minha e de outros apenas com as palavras, apenas teclas, circuítos e tipografias. Mas agora passivamente, vejo tudo quadrado, tudo passando.

Mas também pode ser que por êxtase, eu estupefacto e arrebatado, incapacitado de escrever simplesmente por perceber o NOVO incontinente, procedente dos gestos e das palavras que indecifráveis, transformam minha vivência de uma vaga indolência por sonoras poéticas que vagam na minha mente estanque. Tantas faces novas nos últimos dias, tantas palavras novas, sentimentos novos, maturidade nova, escolhas novas, desejos novos, futuro novo em folha e bem diferente daquilo tudo que eu programava a anos, meses, semanas, dias atrás. Diante de cada novo tempo, um tempo novo! Onde nada ainda aconteceu! Somente respirei fundo. E nada ainda aconteceu mesmo. Tempo novo, hein! Pensei.

Acho que me descobri nesses dois momentos. Êxtase e Inércia; Ativo e passivo; Louco e desvairado! Estou numa vírgula da minha vida. Imaginem só, estou a menos de um mês para completar 30 anos de existência e ainda não entendi nada da vida. Não sou casado, não tenho filhos, não tenho feitos ousados, ainda nem consegui lançar meu CD, meu livro, meu sei lá o quê, mas hoje vivo pleno, entre o extâse e a inércia. Ali, onde, aparentemente nada acontece, enquanto tudo se define. Ali, quando simplesmente SOU EU!

Um Novo Cântico

harpa

Quando o Senhor me livrou de um lamaçal e me firmou numa rocha, dizia Davi, ele colocou um cântico novo em meus lábios, um hino de louvor, de reconhecimento ao Senhor meu Deus. Davi fala sobre um cântico novo. Uma das possíveis interpretações nesse texto para mim, seria um cântico recente. Novo no sentido de ser recente, de não ser sobre coisas que aconteceram a muito tempo e sim daquilo que ainda está fresco na minha mente. Era como se Davi tivesse aconselhando sobre ter um reconhecimento sobre Deus, não daquilo que ele fez no passado, mas daquilo que faz agora no presente.

Como é facil para nós ficarmos lembrando o tempo quando tudo era muito tranquilo. Ou de quando nós récem tínhamos correspondido às diversas iniciativas de Deus por nós. Sobre como era bom aquele tempo em que tudo era tão novo, tão simples, tudo tão romântico e perfeito. Às vezes aparenta que nosso Deus estava presente em nossa realidade no passado como jamais estará.

Mas espera, o que é isso que Davi está falando? Não é sobre um cântico antigo colocado em meus lábios e sim um novo, recente, fresco cântico. E este não é um cântico de tristeza, nem de luto ou decepção, muito menos de nostálgia. Não é também um cântico de esperança, ou coisa parecida. Não proclama o futuro, nem relembra o passado. Mas sim um cântico novo, (lembre-se recente, fresco) um hino de louvor! De reconhecimento!

Re-co-nhe-ci-men-to. Só é possivel reconhecer aquilo que um dia foi conhecido. Para reconhecer é preciso conhecer primeiro. Faz-se necessário relacionamento. Conhecimento. Andar juntos. Companheirismo. Ouvir a voz. Ouvir de novo. Falar, uma, duas, três vezes. Discordar um do outro. Convencer um ao outro. Quando conhecendo a Deus, fica mais simples reconhecer o seu agir.

Às vezes, quando o Senhor parece ausente ou distante, não conseguimos reconhecer as pistas que ele deixa sobre seu mover. Por que? Será que não o temos conhecido suficientemente? Será que temos nos permitido ficar alheios diante de tal sensação, como se realmente pudéssemos nos ausentar dele?

Não deixe que o corriqueiro, o cotidiano, roube você da presença de Deus, de tal forma que você fique alheio ao que ele tem realizado. Por menor que seja seu agir, por mais singelo e puro que seja o sussuro da sua voz durante a tempestade. Se você o tem conhecido poderá reconhecê-lo, mesmo numa simples brisa e então um cântico recente, fresco, “NOVO” brotará em seus lábios.

Se eu estiver lá…

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Ontem a noite coloquei minhas roupas no varal, o céu estava limpo e dificilmente eu acreditaria que iria chover. Apesar de Deus ter falado comigo sobre a chuva que viria, mas quem disse que eu acreditaria ouvir a voz de Deus assim, tão simples e num assunto tão corriqueiro e pouco religioso. Afinal, Deus ainda é um ente religoso.

O mais engraçado foi ter sido acordado no meio da madrugada, por causa dos ventos e relâmpagos e dos trovões. Enfim, deu tempo de correr e retirar minhas úmidas roupas do varal e arrumá-las num local coberto. O melhor foi que depois disso fiquei tentando entender o pouco do meu relacionamento com Deus, e de acordo com que a chuva ia se intensificando, imagens e palavras vinham em meu pensamento. Uma delas foi sobre o homem que constrói sua casa na areia ou na rocha, citada por Jesus no sermão do monte.

Na imagem que Jesus propõem para dinamizar seu ensino, o cenário é o mesmo, as duas casas estão na praia. Se essa imagem faz menção sobre ouvir a palavra de Deus e torná-la prática, o onde, o quando e o porque estão implícitos e relacionados ao ouvir. Porém, o que vai definitivamente determinar as coisas é o “como”. Esse sim fala da prática das verdades e palavras de Deus. Ás vezes, penso que minha reflexão pode parecer confusa, por que aparentemente, quando Jesus fala de um homem que constrói na areia e outro que constrói na rocha, esteja falando sobre “onde” se deve construir, na areia ou na rocha, contudo acredito que ele está falando sobre “o como”. Por que tanto a areia, quanto a rocha estão no mesmo lugar, no mesmo onde: na praia.

Temos ao nosso redor, pessoas no mesmo lugar, na mesma situação, pela mesma razão, mas vivenciando tudo de forma diferente. Se você fizer um pequeno esforço vai perceber que ao seu redor acontece a mesma coisa. Pessoas como você na mesma igreja, escola, trabalho, mesma situação, ouvindo as mesmas coisas, as vezes com as mesmas necessidades, lutando pelos mesmos motivos e ideais, no entanto vivendo tudo de forma diferente, percebendo tudo de uma forma muito diferente, e muitas vezes opostas.

Para mim a resposta foi clara: como que estão? Como está o coração de cada um desses homens. Sobre qual fundamento estão estabelecidos. Quais são os seus valores. Quem está lá com eles. E eles estão lá também? E eu? Será que Deus está lá nos meus valores, ou só estou eu? Ou será que estou tão enganado sobre mim mesmo, que os meus valores não refletem em nada a minha vida? Que eu não estou nos meus valores?Será que estou tão alheio à realidade daquilo que Deus tem me proposto, que estou construindo tudo numa ilusão onde nem mesmo eu me encontro ali?

A impressão que eu tenho é que muitas das vezes estamos ouvindo verdades, mas ainda construindo nossas vidas em ilusões. Não estamos lá, onde a verdade está. E se estamos ainda escolhemos não se conforma à verdade. Não estou como a verdade, estou como eu quero, como eu penso, como eu gosto, mas nunca como a Verdade diz, como ela quer, como a Verdade ensina.

Se eu tenho ouvido a palavra de Deus, eu estou no lugar certo. Se eu não torno prática a palavra de Deus, estou da forma errada. No lugar certo, da forma errada. Uma casa na praia realmente é um lugar perfeito desejável, por causa da vista, da beleza a se apreciar e desfrutar. Viver numa praia terá bons momentos de sol e momentos de chuva e tempestade. Como eu vou viver ali, se num lugar seguro e firme, é o que vai determinar tudo.

Ter um relacionamento com Deus é otimo. Frequentar reuniões em uma comunidade cristã, por que eu preciso ser salvo, e quero amar mais a Deus, quero expressar o amor de Deus aos outros, vivenciar disciplinas “espirituais”, como oração, leitura bíblica, jejum, meditação, solitude e etc. Uau! Tudo isso é perfeito. Mas, no fim, o que importa é como vou me posicionar diante desse relacionamento, como vou responder a Deus, como pratico essas disciplinas, como frequento a comunidade cristã e principalmente como sou conhecido por Deus.

Quando nem mesmo o espelho me convence

Ilusão! É isso que acontece quando nem mesmo o espelho me convence. Quando nem mesmo reconheço minha própria imagem no espelho, ou quando me vendo, logo, logo quando saio já não me recordo da imagem que vi. Não a encontro mais em mim e diante da realidade de quem eu sou, prefiro nega-lá do que render-me. Inicia-se aí um processo de auto-destruição e degeneração da minha humanidade. Prefiro ser outro, procuro ser o que os outros buscam em mim. Jamais eu mesmo.

Tento me agradar com imagem que as pessoas preferem de mim. Me satisfaço na adequação diária às pessoas, às realidades. Nunca transformo o mundo ao meu redor, sou simplesmente conformado! Quando confrontado, nego e culpo os outros por me tornar quem sou. Algumas pessoas confundem e disfarçam a decadência da identidade com o álibi da flexibilidade.

Eu concordo que devemos ser flexíveis, sim, adaptáveis, mas nunca como fuga da realidade daquilo que eu já sou, e que ninguém mais vai conseguir retirar de mim. Por que toda a vez que nego minha própria identidade, quando não encaro a mim mesmo, negando quem sou, me alieno de mim mesmo e começo a viver uma ilusão. E isso me degrada, me definha e me destrói!

Quando me encaro com todas as imperfeições, que nego tanto e me esforço tanto para esconder, percebo que sou mais do que adequado para a minha realidade, sou necessário, sou a peça exata, como num quebra-cabeça-existência-humana. Sou único, do jeito exato e adequado para o momento exato. Conformado àquilo que Deus desenhou para minha realidade, me torno agente transformador da minha realidade.

Só existe uma maneira de ser transformado e transformar o universo ao meu redor:

  • reconhecendo quem sou, com todas as nuances, detalhes, qualidades e defeitos;
  • reconhecendo meus limites, meus erros e acertos, minhas falhas, as minhas decisões certas e as confusas ou erradas;
  • reconhecendo Deus, em tudo e em todos, em cada momento, em cada situação e o quanto eu preciso dele.

Por isso, não conformeis com esse século (e com as definições, e as idéias e conceitos que são apresentados sobre quem é você, Ser Humano, principalmente quando essas negam as verdades de Deus alienando você de si mesmo), mas seja transformado pela renovação do seu entendimento (compreensão e conhecimento exato sobre quem é você, sobre quem é Deus e seus desejos para você) e desfrute da boa, perfeita e agradável vontade de Deus.

Gratidão

O simples fato de estarmos vivos, ainda, é razão exponencial para não pararmos de agradecer. Essa deveria ser a premissa básica do cristianismo contemporâneo. Temos acesso e conhecimento necessário para aferirmos sobre o que a graça promove em nós. E tudo isso aponta para uma única decisão, a de ser grato.

Gratidão, ou o tão famigerado “obrigado” brasileiro, obrigando-nos à Deus.O interessante é que a gratidão não é estática, mas sim dinamiza toda a nossa realidade e é efetivada nas ações e nos fatos. Aceitarmos a Cristo, ou melhor, aceitarmos a ACEITAÇÃO de Deus à nós consumada na obra de Cristo na cruz, deveria demonstrar satisfação e gratidão. Porém, algumas vezes demonstra em nós orgulho e vaidade. “Sou aceito por Deus”, acho que eu realmente merecia isso. Blargh!

Será que não ficou claro o bastante, para nós os seguidores do Livro, que em toda a história os homens falharam em agradar a Deus? Que foi preciso uma intervenção divina crucial para nos tornar definitivamente aceitos por Deus? E que sem essa intervenção estaríamos simplesmente destinados à falência infernal, trucidados pelo mal? O que ainda precisamos para escolhermos, sim decidirmos, nos direcionarmos agressivamente para atos, atitudes de gratidão, ou as ações de graça (feitos que demonstram o meu reconhecimento sobre intervenção crucial divina)?

Quiça teremos que novamente crucificá-lo para que, enfim, nos atentemos para Ele, reconhecendo que verdadeiramente tudo o pertence e que queremos parar de ignorar aquele que está em tudo e em todos?

Isso deveria mover o cristão contemporâneo, a ser hoje participante ativo dessa intervenção crucial divina doando sua vida para que o mundo o reconhecesse. Isso sim é GRATIDÃO.

A hipótese mais assustadora no Cristianismo que no entanto pode ser a mais libertadora é: o fato de que eu seja aceito por Deus assim mesmo como eu sou. (Marco Faria)

DISCIPLINA

APOCALIPSE 3:15-22

(15) Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente. Tomara que foras frio ou quente! (16) Assim, porque és morno e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. (17) Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta (e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu), (18) aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças, e vestes brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os olhos com colírio, para que vejas. (19) Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê, pois, zeloso e arrepende-te. (20) Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo. (21) Ao que vencer, lhe concederei que se assente comigo no meu trono, assim como eu venci e me assentei com meu Pai no seu trono. (22) Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas.

A palavra “disciplina” deriva-se de “discípulo” e tanto uma quanto outra palavra, ambas tem origem do termo latino para pupilo que, por sua vez, significa instruir, educar treinar. Discípulo pode significar também “aquele que segue”.
Logo, posso concluir que disciplina seja aquilo que “deve ser seguido”.

Que interessante! Em apocalipse 3:20, temos um texto que usamos bastante, “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo.” O que me chama muito a atenção ao olhar para esse texto, é que ele vem logo após o 19, que diz “repreendo e castigo a todos quantos amo; sê, pois, zeloso e arrepende-te.” Sempre que olhava para essa afirmação, imaginava um Deus que pune aquele que ama e que, chamando a atenção, o repreende e castiga. Mas como não há indicação nenhuma de que o autor mudou de assunto do 19 para o 20, penso que bater à porta é um exemplo didático sobre disciplina e repreensão. É como se Deus estivesse nos mostrando como é que ele disciplina e como ele repreende.

É como se estivesse dizendo no verso 19  e exemplificando no 20, algo como: “Eu te convido a me seguir e reforço o convite” ou “Eu crio todas as possibilidades, viabilizo as condições para me seguir e disponho diante de ti, eu te relembro, eu falo, explico, mostro novamente, por isso arrependa, por que eu estou disciplinando (mostrando aquilo que se deve seguir) você para o arrependimento. E isso é simples, é como se eu estivesse à porta batendo, se alguém me ouve, o que se faz? Se se responde, a porta é aberta e eu entro e ceio com ele, e ele comigo.” (versão mais que atualizada)

Para mim, a porta é a imagem da disciplina, do que se deve seguir, a coisa certa a se fazer. E o bater na porta como a repreensão de Deus para seus filhos amados, o repetitivo convite à segui-lo. O que mais me alegra é que Deus não está colocando empecilho nenhum para que possamos relacionar com ele, mas sim criando possibilidades para que o possamos seguir. Criando meios, possibilidades, disciplinas. Nos convidando para fazer o que é necessário para relacionar com ele: OUVIR A SUA VOZ e corresponder ao seu convite. Isso é disciplina! É o próprio Deus criando caminhos e meios para nos instruir no que deve ser feito. Dessa forma, eu olho o texto de apocalipse acima, e vejo o quanto Deus é amoroso,  aconselhando o seu povo. Atraindo-nos à verdade!