Ontem a noite coloquei minhas roupas no varal, o céu estava limpo e dificilmente eu acreditaria que iria chover. Apesar de Deus ter falado comigo sobre a chuva que viria, mas quem disse que eu acreditaria ouvir a voz de Deus assim, tão simples e num assunto tão corriqueiro e pouco religioso. Afinal, Deus ainda é um ente religoso.
O mais engraçado foi ter sido acordado no meio da madrugada, por causa dos ventos e relâmpagos e dos trovões. Enfim, deu tempo de correr e retirar minhas úmidas roupas do varal e arrumá-las num local coberto. O melhor foi que depois disso fiquei tentando entender o pouco do meu relacionamento com Deus, e de acordo com que a chuva ia se intensificando, imagens e palavras vinham em meu pensamento. Uma delas foi sobre o homem que constrói sua casa na areia ou na rocha, citada por Jesus no sermão do monte.
Na imagem que Jesus propõem para dinamizar seu ensino, o cenário é o mesmo, as duas casas estão na praia. Se essa imagem faz menção sobre ouvir a palavra de Deus e torná-la prática, o onde, o quando e o porque estão implícitos e relacionados ao ouvir. Porém, o que vai definitivamente determinar as coisas é o “como”. Esse sim fala da prática das verdades e palavras de Deus. Ás vezes, penso que minha reflexão pode parecer confusa, por que aparentemente, quando Jesus fala de um homem que constrói na areia e outro que constrói na rocha, esteja falando sobre “onde” se deve construir, na areia ou na rocha, contudo acredito que ele está falando sobre “o como”. Por que tanto a areia, quanto a rocha estão no mesmo lugar, no mesmo onde: na praia.
Temos ao nosso redor, pessoas no mesmo lugar, na mesma situação, pela mesma razão, mas vivenciando tudo de forma diferente. Se você fizer um pequeno esforço vai perceber que ao seu redor acontece a mesma coisa. Pessoas como você na mesma igreja, escola, trabalho, mesma situação, ouvindo as mesmas coisas, as vezes com as mesmas necessidades, lutando pelos mesmos motivos e ideais, no entanto vivendo tudo de forma diferente, percebendo tudo de uma forma muito diferente, e muitas vezes opostas.
Para mim a resposta foi clara: como que estão? Como está o coração de cada um desses homens. Sobre qual fundamento estão estabelecidos. Quais são os seus valores. Quem está lá com eles. E eles estão lá também? E eu? Será que Deus está lá nos meus valores, ou só estou eu? Ou será que estou tão enganado sobre mim mesmo, que os meus valores não refletem em nada a minha vida? Que eu não estou nos meus valores?Será que estou tão alheio à realidade daquilo que Deus tem me proposto, que estou construindo tudo numa ilusão onde nem mesmo eu me encontro ali?
A impressão que eu tenho é que muitas das vezes estamos ouvindo verdades, mas ainda construindo nossas vidas em ilusões. Não estamos lá, onde a verdade está. E se estamos ainda escolhemos não se conforma à verdade. Não estou como a verdade, estou como eu quero, como eu penso, como eu gosto, mas nunca como a Verdade diz, como ela quer, como a Verdade ensina.
Se eu tenho ouvido a palavra de Deus, eu estou no lugar certo. Se eu não torno prática a palavra de Deus, estou da forma errada. No lugar certo, da forma errada. Uma casa na praia realmente é um lugar perfeito desejável, por causa da vista, da beleza a se apreciar e desfrutar. Viver numa praia terá bons momentos de sol e momentos de chuva e tempestade. Como eu vou viver ali, se num lugar seguro e firme, é o que vai determinar tudo.
Ter um relacionamento com Deus é otimo. Frequentar reuniões em uma comunidade cristã, por que eu preciso ser salvo, e quero amar mais a Deus, quero expressar o amor de Deus aos outros, vivenciar disciplinas “espirituais”, como oração, leitura bíblica, jejum, meditação, solitude e etc. Uau! Tudo isso é perfeito. Mas, no fim, o que importa é como vou me posicionar diante desse relacionamento, como vou responder a Deus, como pratico essas disciplinas, como frequento a comunidade cristã e principalmente como sou conhecido por Deus.